quarta-feira, 1 de setembro de 2010


“Sufoco o amor esse sufoco...”

Deito no leito e permito que você feche a persiana e me dope. Aceito ficar trancada dias, anos, o período que convier. Admito que você me dê banho, troque minha camisola, corte minhas unhas. Ficarei gélida, alienada, apática, com a respiração sôfrega e você me acompanhará, mudo, para o jardim tomar sol. Os dias e as noites ficarão iguais, e eu vou perder a noção de tempo, espaço e direção. Cortarei meus cabelos, para facilitar. Você vai tirar a atadura do meu pulso, logo que cicatrizar. Vai me colocar pra dormir, dará um beijo em minha testa e arrumará a coberta. Vai trocar o girassol murcho da mesa de cabeceira e sentar em uma poltrona para me ver adormecer. Vai por o dedo perto de minhas narinas para certificar-se que ainda respiro, pegar o travesseiro e colocar sobre minha face, sufocando-me. Na manhã seguinte, o sol transpassará a persiana para iluminar o girassol.

Um comentário:

  1. Interessante sua ideia de postar texto dos outros com fonte webdings. Poderia citar a autoria.

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